24 de outubro de 2012

Esboços – Êxodo

Esboços - Êxodo

O Título

Este livro tira o seu nome daquele fato que constitui o fio condutor de toda a sua narrativa: a saída dos israelitas do Egito e os anos em que viveram no deserto antes de chegar a Canaã, a Terra Prometida. De fato, a mesma palavra grega (êxodos), utilizada pela Septuaginta como a palavra portuguesa equivalente se definem propriamente como “saída”. Por sua vez, a Bíblia Hebraica intitula o livro com uma das primeiras palavras: Shemoth, que significa “nomes”.

A História

O livro de Êxodo (= Êx) oferece alguns dados que, dentro de uma certa margem de probabilidade, permite delimitar a época em que aconteceram os fatos referidos. Tais dados, ainda que insuficientes para estabelecer datas precisas, têm um inegável valor histórico. Por exemplo, 1.11 revela que os israelitas, residentes no Egito durante 430 anos (12.40-41), foram obrigados a trabalhar na construção de duas cidades: Pitom e Ramassés (chamada, em egípcio, de Casa de Ramassés). Esse fato sucedeu entre fins do séc. XVI e início do séc. XIII a.C.

Conteúdo do Livro

A primeira parte do livro de Êxodo (1.1 – 15.21) relata a mudança de situação que, para os descendentes de Jacó, supôs que um “novo rei"… que não conhecera José” (1.8) havia começado a reinar sobre o Egito. A narrativa não se ajusta a uma cronologia estrita; e à primeira vista, parece que os fatos se sucedem sem solução de continuidade. No entanto, uma leitura atenta leva à evidência de que, entre o assentamento de de Jacó em Gósen (Gn 46.1 – 47.6) e o reinado do novo faraó, transcorreram os 430 anos da permanência dos israelitas no Egito (cf. 1.7). Foi somente no final deste período que a hospitalidade egípcia (Gn 47.5-10) se transformou em opressão, sendo os israelitas reduzidos à escravidão (1.13). Naquela penosa condição, as suas súplicas chegaram aos ouvidos do SENHOR (2;24-25; 3.7), que chamou a Moisés e se revelou a ele em Horebe, o “monte de Deus” (3.1), para lhe confiar a missão de libertar o povo (3.15 – 4.17). Com uma extraordinária demonstração de sinais portentosos, Deus, por meio de Moisés, obriga o faraó a conceder, liberdade à multidão israelita (12.37-38). Esta, depois de celebrar a primeira Páscoa como um sinal de salvação, empreendeu a marcha a caminho do mar e o atravessa a pé enxuto pelo mesmo ponto em que depois as águas cobriram o exército egípcio. O povo, então, junto com Moisés e Miriã, expressa a sua gratidão a Deus entoando um cântico, que é um dos testemunhos mais antigos da milagrosa libertação de Israel (15.1-18,21).

A segunda parte do livro (15.22 – 18.27) recolhe uma série de episódios relacionados com a marcha dos israelitas pelo deserto. Depois de atravessado o mar, adentraram as paragens secas e áridas da península do Sinai. Na sua nova situação, viram-se expostos a graves dificuldades e perigos, desconhecidos para eles até então. A fome, a sede e a aberta hostilidade de outros habitantes da região, como os amalequitas, foram causa de freqüentes queixas e murmurações contra Moisés e contra o SENHOR (15.24; 16.2; 17.2-7). Muitos protestavam abertamente e, parecendo-lhes melhor comer e beber como escravos do que assumir as responsabilidades da liberdade, clamavam: “Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos sentados juntos às panelas de carne e comíamos pão a fartar” (16.3). Por isso, Moisés teve de interceder repetidas vezes diante de Deus em favor dos israelitas, e o SENHOR os atendeu em todas as suas necessidades. Alimentou-os com codornizes e maná (cap 16), fez brotar água da rocha para matar a sua sede (17.7-7; cf. Nm 20.2-13) e os livrou dos inimigos que os acossavam (17.8-16).
A marcha pelo deserto do Sinai tinha como objetivo final o país de Canaã. Ali estava a Terra Prometida, descrita como uma “terra que mana leite e mel” (3.8). Porém, antes de chegar a ela, o povo de Israel tinha de aprender que o SENHOR Deus o havia tomado dentre todos os outros povos da terra para lhe ser consagrado como o povo da sua “propriedade”, como um “reino de sacerdotes e nação santa” (Êx 19.5-6; cf. Dt 4.20; 7.6). O monte Sinai foi o cenário escolhido por Deus para estabelecer a sua aliança com Israel e constituí-lo a sua propriedade peculiar.
Essa aliança significava, pois, um compromisso para o povo, que ficava obrigado a viver em santidade. Esta era a parte que lhe correspondia, em resposta à eleição com que Deus o havia distinguido de maneira gratuita. Para que isso fosse possível, Deus mesmo deu a conhecer ao seu povo, na lei proclamada no Sinai, o que dele exigia e esperava que cumprisse pontualmente.
A Lei (hebr. torah), que é dada pelas mãos de Moisés, começa com a série de disposições universalmente conhecida como O Decálogo ou Os Dez Mandamentos, que começa assim: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim” (20.2-3). Com essas palavras fica estabelecida a vinculação exclusiva e definitiva de Israel como o Deus que o havia libertado e o havia atraído como que “sobre asas de águia” (19.4). A partir do Decálogo, toda a Lei, com a sua evidente preocupação em defender o direito dos mais fracos (p. ex., 22.21-27), assenta o fundamento jurídico de uma comunidade criada para a solidariedade e a justiça e especialmente consagrada ao culto ao seu SENHOR, o Deus único e verdadeiro (caps. 25 – 31; 35 – 40).

Esboço:
1. Israel é libertado da sua escravidão no Egito (1.1 – 15.21)

a. Escravidão no Egito (1.1-22)
b. Nascimento de Moisés e primeira parte da sua vinda (2.1 – 4.31)
c. Moisés e Arão diante do Faraó (5.1 – 1.10)
d. Páscoa e saída do Egito (12.1 – 15.21)

2. Os israelitas marcham até o monte Sinai (15.22 – 18.27)
3. Aliança de Deus no Sinai (19.1 – 24.18)
4. Prescrições para a construção do Tabernáculo (25.1 – 31.17)
5. Bezerro de ouro. Renovação da aliança (31.18 – 34.35)
6. Construção do Tabernáculo (35.1 – 40.38)

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Fonte: Bíblia de Estudo Almeida
Copyright © 1999 Sociedade Bíblia do Brasil
Todos os direitos reservados
Texto bíblico:
Tradução de João Ferreira de Almeida
Revista e Atualizada – 2a. edição
Copyright © 1993 Sociedade Bíblica do Brasil

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